Filhos de Putin
Palácio da Ajuda
Dezembro 2007



O que eu queria mesmo era ver o Putin mas dadas as apertadas medidas de segurança, não fui convidado para a restrita inauguração do dia 25 de Outubro da exposição "Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage - de Pedro, o Grande, a Nicolau II", presidida por Putin e por Cavaco Silva. No entanto, soube de fonte segura que Putin, o Grande, quis o D. Pedro V (o hotel) todo para si, dormiu numa cama dinamitada e com 19 seguranças na suite e não comeu nada que não fosse provado antes. Se me acontecer alguma coisa esquisita, já sabem de quem é a culpa. Restou-me comparecer no dia 26 ao nascimento de mais um filho-prodígio do Hermitage de Sampetersburgo que depois de Amesterdão, Las Vegas e Londres (que entretanto fechou por falta de dinheiro) veio parir a Lisboa.

O Hermitage-Lisboa vai ser uma lição sobre funcionamento em rede e trenós e o turismo português terá mais qualidade ao acrescentar os blockbusters do prestigiado museu aos atractivos do clima ameno e da mão de obra barata. Alguns milhões para deixarmos de ser provincianos, segundo o ponto de vista internacional da ministra-mãe adoptiva do projecto... Entretanto, a “pobre” colecção museológica portuguesa (já alguém sabe das jóias roubadas em Haia?) continua em salas fechadas para poupar no pessoal e com baldes a aparar as goteiras do telhado. Aposto que a exposição “Encompassing the Globe - Portugal and the World in the 16th & 17th Centuries” (para a qual não há dinheiro para uma itinerância por cá), foi uma afronta dos americanos.

Com tanto (des)investimento cultural, Pires de Lima, a Pequena, deverá começar já a angariar futuras sucursais também para a arte contemporânea, pois daqui a 100 anos a colecção museológica portuguesa será ainda mais pobre. Para quando a abertura do Museu Berardo-Joanesburgo?



























Sem comentários:

Enviar um comentário