Quando o Telefone Toca
Museu das Comunicações
Novembro 2007



Depois do mês muito light que foi Setembro, Outubro trouxe-nos a hora de ponta em inaugurações para todos os gostos. No dia 2 inaugurou a exposição “Por entre as linhas”, que reúne um conjunto de 10 artistas sob a mão comissária da dama de ferro da arte contemporânea portuguesa, Isabel Carlos. Se o propósito do diálogo dos trabalhos expostos com o acervo do museu não representa nenhuma novidade em termos programáticos (lembro-me da exposição comissariada pelo Jurgen Bock “O carteiro toca apenas duas vezes”, também com 10 artistas/alunos da Escola Maumaus, nos idos de 2000...), e se a escolha de artistas é a confirmação óbvia das apostas da comissária, já alguns dos trabalhos fogem brilhantemente ao arrumadinho - quase a pedir desculpa! - que acontece a maior parte das vezes nestas exposições da contemporaneidade em confronto com os acervos museológicos. Vale a pena referir as peças de Miguel Palma (80.000 volts para Leonardo da Vinci ), de Luísa Cunha (The Red Phone) e de Ana Jotta (todas). Nas palavras da comissária para o texto do catálogo, “ a arte terá sempre algo de incomunicável, terá sempre um núcleo duro que foge à interpretação e ao comentário”. E assim é que deve ser.

A inauguração da exposição integrou as comemorações dos 10 anos da Fundação Portuguesa das Comunicações. À porta do Museu, e a avaliar pela quantidade de chauffeurs, tive consciência imediata do carácter institucional do evento. Três discursos mais à frente, para um auditório a meio gás (na plateia brincavam e comparavam-se telemóveis de ultíssima geração), saí da sala e pús-me a percorrer os espaços da exposição numa tentativa de antecipação à comitiva mais que provável. O público da exposição, alertado por um convite bastante informativo quanto à duração dos discursos, chegou mais tarde. Quem ouve discursos não se interessa por exposições. Quem quer ver exposições não tem tempo para perder com discursos. O confronto entre estes dois públicos, que quase se misturam desdenhosamente sempre que a ocasião/instituição a tal obriga, parece-me sempre um - se faz favor! com licença! - de gentilezas e recriminações mútuas. Tudo isto muito à propos “numa exposição em que se pretende falar sobre comunicação, mas também sobre arte, mas consciente dos limites e das armadilhas que tal tarefa pode envolver.”

O cocktail decorreu em ambiente muito mais animado e descontraído. Institucionais, artistas, respectivos públicos, mediáticos da comunicação social e alunos do IADE (de quem também havia qualquer coisa a seguir) reuniram-se para um Porto de Honra ao som do concerto do pianista Domingos António. E a comunicação tornou-se mais fácil! De saída, ofereciam uma sacola com um catálogo da exposição e vários presentes. Sem dúvida que o mais útil era uma agenda de 2007. Que pena o ano estar quase a acabar...



























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