O Senhor Que Se Segue
Museu Nacional de Arte Antiga
Outubro 2007



Foram muitos os directores de museus que no passado dia 14 de Setembro quiseram marcar presença na cerimónia de tomada de posse de Paulo Henriques como novo director do Museu Nacional de Arte Antiga. O ambiente poder-se-ia caracterizar como - tudo em sóbrio e pouca luz - que o tempo do alarido e do aparato já é arte antiga, daquela que não tem lugar neste museu. O adiamento da cerimónia para as 18 horas deve ter sido uma grande maçada, já que que não há dinheiro para pagar horas extras, no entanto o esforço foi recompensado quando se ouviu a senhora ministra dizer que a outra é que estava errada e que eles é que tinham razão. Ao contrário do que se poderia pensar os directores dos vários museus conseguem conviver juntos na mesma sala, apesar duma animosidade muito do género - o Meu museu é melhor que o Teu! - que emprestava ao evento um je ne sais quoi de reunião de senhores feudais.

Reconquistado o museu, Isabel Pires de Lima entrou vitoriosa e distribuiu apertos de mão pela audiência. Num discurso felizmente curto, votou a sua confiança ao novo director, ensinou-nos o sentido do vocábulo nacional no nome do museu (ainda ninguém tinha percebido que o museu é nacional porque não é de Lisboa, mas sim do país inteiro... ;-) e brindou-nos ainda com algumas indirectas à anterior directora Dalila Rodrigues que, como é óbvio, não estava presente. No início de uma nova etapa para o museu, manteve-se aceso o velho hábito de espezinhar o trabalho feito. A ministra excomungou o Dalilismo (não confundir com Dalai Lama!) da política cultural portuguesa ao afirmar que comunicação, divulgação e mediatismo são gratuitos sem um trabalho sério - portanto, cego,surdo e mudo! - de investigação. Pessoalmente, como sempre gostei mais de figuras polémicas do que de figuras de estilo, perante discursos quezilentos e desinspirados, voto definitivamente na dalilização dos museus.

Paulo Henriques, no seu discurso tremido e perdido em notas de rodapé e obsevações lacónicas, seguiu a cartilha ministerial de intenções e nada do que disse soou a novidade. Falou de investigação e de cooperação com as universidades, de descentralização e itinerâncias da colecção, de formação de novos públicos e de transdisciplinariedade dentro do museu entre outros bocejos. No final ninguém perguntou - onde é que eu já ouvi isto? - e até se ouviram palmas. Manuel Bairrão Oleiro também esteve presente.

Uma hora depois deu-se por terminada a tomada de posse. Tal como começou, sem surpresas. Mais umas palmadinhas nas costas e uns beija mãos para a fotografia e ala! que se faz tarde. A sensação era a de que o cinzento é a cor mais divertida do mundo. Todos amigos?



























Sem comentários:

Enviar um comentário